Os campeões da Expointer: tradição e genética garantem prêmios a produtores da região

Os campeões da Expointer: tradição e genética garantem prêmios a produtores da região

Foto: Rian Lacerda (Diário)

A 48ª Expointer se despediu no último domingo (7) com o maior público de sua história, superando a marca de 1 milhão de visitantes. Nas pistas de julgamento, a dedicação e a ciência de criadores da Região Central se transformaram em ouro, com a conquista de 28 prêmios, incluindo cinco cobiçados títulos de Grande Campeão.


O trabalho de famílias de Santa Maria, São Pedro do Sul, São Gabriel, Jaguari, Tupanciretã e Júlio de Castilhos foi recompensado com destaque nas pistas. O Diário foi conhecer de perto as histórias por trás de alguns desses troféus, que une tradição familiar, investimento em tecnologia e melhoramento genético com a paixão pelos animais.


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Cabanha Santa Sophia

Foto: Rian Lacerda (Diário)

A 11 quilômetros da zona urbana de São Pedro do Sul, o caminho de chão batido que leva à localidade de Colônia Militz termina em um cenário que respira a ovinocultura. Em meio à paisagem característica do amanhecer gaúcho, a sede da Fazenda Santa Sophia é rodeada por campos repletos de ovinos e por um complexo de mangueiras que abrigam a raça Dorper e Withe Dorper. É ali, entre borregos, matrizes e reprodutores, que vive os dois grande campeões da raça – originária da África do Sul – e onde a família de Sidinei Mendes Jaques, sua esposa Adriana Hoffmann Jaques e o filho Filley, vive há sete anos uma imersão completa na criação. O esforço se traduziu em 12 prêmios na Expointer deste ano, incluindo dois títulos de Grande Campeão e o troféu de Melhor Criador/Expositor de Ovinos de Carne. É com a genética da raça Dorper que Sidinei trabalha. 


Entenda a raça:

Para entender o sucesso da Santa Sophia, é preciso conhecer a raça que eles escolheram no Nordeste do Braisil e trouxe a genética até o coração do Estado. De acordo com a Embrapa, a Dorper foi desenvolvida na África do Sul, nos anos 1930, para prosperar em regiões áridas. 


Suas principais características incluem:

  • Aptidão para Carne: É uma raça especialista na produção de carne, com cordeiros de crescimento rápido e alto peso no desmame.
  • Alta Produtividade: Possui uma estação reprodutiva longa, o que não limita a produção a uma única época do ano e permite um intervalo entre partos de apenas oito meses.
  • Adaptabilidade: Embora criada para sistemas extensivos, responde bem a condições intensivas de produção.
  • Pele Valorizada: Sua pele, uma mistura de pelo e lã, é grossa e protege o animal de climas adversos.
  • Variações: A raça pode ser encontrada com a cabeça preta (Dorper) ou totalmente branca (White Dorper).


– O pessoal tirava um cordeiro com seis, sete meses. Hoje, está tirando com quatro. É um ciclo muito rápido – explica Sidinei.

Foto: Rian Lacerda (Diário)

Para manter a excelência, a família investe pesado em melhoramento genético.


– A gente vai a São Paulo, busca sêmen, vem sêmen da Bahia. Uma dose custa, em média, R$ 150 a R$ 180 – conta Sidinei.



O trabalho é meticuloso. Cada animal recém-nascido recebe um número de identificação, depois uma tatuagem na orelha e, por fim, um registro oficial na Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), o que garante seu "CPF" genético. A seleção para as feiras é rigorosa, e apenas os animais que beiram a perfeição chegam às pistas de Esteio.

Foto: Divulgação (Cabanha Santa Sophia)

– A gente só vai saber se é o melhor quando está lá na pista. Aqui, nós estamos com o melhor animal, mas lá na pista que vai se ver se o nosso é melhor que o dos outros – reflete Sidinei.


Corriedale de Santa Maria

Em Santa Maria, a Agropecuária São Francisco, da família de Luiz Felipe e Leonardo Kruel Borges, trilha um caminho diferente, mas igualmente vitorioso. Eles conquistaram quatro títulos na Expointer com a raça Corriedale NC (Naturalmente Colorido). A criação de ovinos está na família desde o avô, na década de 70. Há cinco anos, a nova geração decidiu investir no registro dos animais para agregar valor, com uma aposta na variedade NC.


A escolha se mostrou estratégica. Luiz Felipe, que é médico veterinário, explica que a valorização da cultura gaúcha impulsionou o mercado para os animais de pelagem escura.


– A lã naturalmente colorida tem um valor agregado muito grande, principalmente pela questão cultural do pala, do pelego. O pessoal que participa dos rodeios é um consumidor muito grande do produto – explica.


Um pelego de qualidade, segundo ele, pode ser vendido por até R$ 700. A genética, mais uma vez, é o fator determinante. Para se obter um animal "puro por avaliação", a raça Corriedale tradicional é cruzada em um processo de "absorção" que leva quatro gerações. Na Expointer, o trabalho foi recompensado: o carneiro reservado de grande campeão da cabanha foi vendido por R$ 15 mil.


Entenda a Raça Corriedale

Para entender a importância da conquista, é preciso conhecer a raça que forma a base do rebanho ovino gaúcho. Conforme a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), a Corriedale originou-se na Nova Zelândia. Suas principais características são:

  • Duplo Propósito: É a raça de dupla aptidão por excelência, com um balanço genético de 50% para a produção de carne de qualidade e 50% para a produção de lã de grande valor comercial.
  • Lã Valorizada: Seu velo (a lã de uma tosquia) é pesado, podendo chegar a 7,7 kg, extenso e de alta qualidade, classificado como "cruza fina".
  • Adaptabilidade e Rusticidade: É um animal rústico, capaz de prosperar em pastagens naturais e climas adversos, o que a tornou a raça mais popular e numerosa do Rio Grande do Sul.


O charolês de São Gabriel

Foto: Divulgação

A história da Estância do Batovi, de São Gabriel, se confunde com a da própria raça Charolês no Brasil. Rodrigo Mascarenhas de Souza é a quinta geração de sua família a criar os bovinos de origem francesa. A família participa da Expointer desde os tempos em que a feira ainda era no bairro Menino Deus, em Porto Alegre.


– Minha bisavó já foi presidente da Associação Brasileira de Criadores de Charolês, meu pai já foi, e eu sou o atual presidente. Sempre tivemos um vínculo muito forte com a raça – conta Rodrigo.


Nesta edição, a cabanha alcançou um grande feito na história da raça na feira: conquistou os títulos de Grande Campeão, Reservado de Grande Campeão e Terceiro Melhor Macho, além da Terceira Melhor Fêmea. A soma dos prêmios, segundo Rodrigo, garantiu à Estância do Batovi o troféu de "Cabanha do Ano".


O Grande Campeão, o touro "Batovi TE03 Doctor", pesando 1.030 kg com apenas 28 meses, impressionou tanto que foi contratado por uma central de inseminação antes mesmo de entrar na pista de julgamento. Uma proposta de R$ 120 mil pelo animal foi recusada após o prêmio.

Foto: Divulgação

– Hoje, o sêmen dele estará disponível no mercado. A dose deve girar em torno de R$ 30 – projeta Rodrigo.


Ele explica que o charolês da Estância do Batovi passou por uma modernização. O foco não é mais apenas o peso, mas a precocidade, a habilidade materna e, principalmente, a qualidade da carne, com alto marmoreio, resultado do investimento em genética americana.


Premiados da Região Central na Expointer 2025

Ovinos

Ovino White Dorper

  • Grande Campeã e campeã borrega menor – Animal Interlagos 4847, do criador e expositor Sidinei Mendes Jaques, da Fazenda Santa Sophia, de São Pedro do Sul
  • Grande Campeão e campeão borrego menor – Animal Bicadorper IA 23, da mesma Fazenda Santa Sophia, de São Pedro do Sul
  • Reservado de grande campeão e campeão borrego menor júnior – Animal Bicadorper 25, da fazenda Santa Sophia, de São Pedro do Sul
  • Terceiro melhor macho ovino adulto – Animal Bicadorper IA 09, da fazenda Santa Sophia

Ovino texel
Naturalmente colorido

  • Terceiro melhor macho e reservado de campeão ovino jovem – Animal Tupancy NC 20, do criador e expositor Marcelo Cerutti de Castro, da Cabanha Tupancy, de Tupanciretã
  • Quarto melhor macho e campeão ovino adulto – Animal Castiel NC 124, do criador e expositor Iara Castiel, Adriana e José T de Mattos, da cabanha Forqueta, de Santiago

Ovino corriedale
Naturalmente colorido

  • Campeão RBG e campeão borrego maior PC – Animal KB NC 65, do criador e expositor Luiz Felipe e Leonardo Krul Borges, da Agropecuária São Francisco, de Santa Maria
  • Reservado de campeão RGB e reservado de campeão borrego maior PC – Animal KB NC 81, da Agropecuária São Francisco

Ovino Texel

  • Reservado de Grande Campeão ovino adulto – Animal Castiel Tronqueira 1150, do criador e expositor Iara Castiel, Adriana e José T de Mattos, da cabanha Forqueta, de Santiago

Bovinos de corte

Charolês

  • Grande Campeão e campeão 2 anos – Animal Batovi TE03 Doctor, do criador Augusto Marques Mascarenhas de Souza e Filhos e do expositor Augusto Marques Mascarenhas de Souza, da Estância do Batovi, em São Gabriel
  • Reservado de grande campeão e campeão junior maior – Animal Batovi 23029 Don Perignon, da Estância do Batovi, de São Gabriel
  • Terceiro melhor macho e campeão junior menor – Animal Batovi FIV113 El Mago, da Estância do Batovi, de São Gabriel
  • Terceira melhor fêmea e campeã novilha jovem 2 anos – Animal Batovi TE26 Dora, da Estância do Batovi, de São Gabriel

Wagyu

  • Grande Campeão e campeão touro acima de 5 anos – Animal Koji SFW2667 FIV, do criador e expositor Gisele Pereira Guimarães Andras e Marco Antônio Capela Andras, da Invernada Santa Fé, de Júlio de Castilhos
  • Reservado de grande campeão e campeão touro até 5 anos – Animal SFW Tajiri 2719, da Invernada Santa Fé, de Júlio de Castilhos
  • Terceiro melhor macho e campeão terneiro – Animal SFW Rikuto 2824, da Invernada Santa Fé, de Júlio de Castilhos
  • Reservada de grande campeã e reservada de campeã vaca até 5 anos – Animal SFW Kyouka 2713, da Invernada Santa Fé, de Júlio de Castilhos

Brangus

  • Reservada de grande campeã e campeã bezerra maior – Animal PWP TE452, do criador e expositor Alcides Pilau, da PWP Genética, de Tupanciretã

Ultrablack

  • Grande Campeão e campeão touro jovem – Animal Santa Eugênia UB 5690M, do criador e expositor João Francisco da Silveira Neto, da Fazenda Santa Eugênia, de Jaguari
  • ​Terceiro melhor macho e campeão touro sênior – Animal Santa Eugênia UB 5686M, da Fazenda Santa Eugênia, de Jaguari
  • Reservada de grande campeã e campeã terneira intermediária – Animal Santa Eugênia UB 1180F, da Faz. Santa Eugênia

Equinos

Paint horse

  • Reservada de grande campeã e campeã fêmea 2 anos – Animal Little Witch Bar 7C, do criador e expositor Eduardo de Oliveira Canto, do Haras 7 Cantos, de Santa Maria

Pássaros

Calopsitas

  • Reservado de grande campeão e campeão canários de porte – Animal do criador e expositor Alessandro Bissacotti, do Canaril Bissacotti, de Santa Maria


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